Sem despedida, censurado.

Só os meus pensamentos já me deixam tímida, não entendo a reação, prendeu demais a minha atenção. És um personagem de um conto sem trama, com nome, sobrenome e profissão, mas sem nenhuma identificação, um desconhecido conhecido. Fato atípico dessa minha mente perturbada. Como posso me encantar por alguém que não conheço? Como te enxergei naquela multidão? É do ser humano questionar-se, mas todo questionamento parte de uma conexão e a única existente nesse fato, não justifica a minha reação.

Lembro que te convidei para a minha mente quando te achei parecido com algum músico dos anos 80 e fiquei presa em meus pensamentos, tentando descobrir quem. Concidentemente, meus ouvidos andam grudados no folk de Bob Dylan e depois de alguns caminhos, os meus olhos também. Meus ouvidos estavam presos a um som, naquela noite, os meus olhos andavam perdidos, observava todo o movimento, quando me deparo com o mais próximo de Bob Dylan que consegui chegar, você. Os meus olhos te viam, mas a minha mente não queria achar que era você. Nem eu, nem ela... mas graças à teimosia dela, conhecemos você. Sem criatividade nenhuma e com a conversa mais fiada que se pode imaginar, conheço aquele que me rendeu despretensiosos pensamentos. Naquele momento, imagem e som se formavam, eram as primeiras linhas do meu conto. Mas para isso, precisaríamos de uma história e esta soa mais utópica do que a nossa inusitada apresentação.

Abril Diferente

Diferente, essa é a palavra que melhor define o 19º Festival Abril pro Rock, mas não é a diferença que sempre caracterizou o festival, famoso pela oportunidade de descobrir novas bandas. A edição de 2011 se resumiu apenas, a mais um festival de música - muito bom por sinal, mas sem grandes emoções. Com o palco do Chevrollet Hall dividido ao meio, as bandas foram bastante pontuais, sem intervalos longos e religiosos cinquenta minutos de apresentação.

Prejudicados um pouco pelo horário, as bandas Feiticeiro Julião (vencedora do concurso Bis pro Rock) e Mamelungos, foram respectivamente, as primeiras a se apresentarem. Em shows marcados pela criatividade e inovação tão peculiar dos pernambucanos. As bandas começaram a atrair, o ainda reduzido e disperso público que chegou cedo ao festival. Já aquecidos, o público recebeu a banda paulista Holger, com seu rock famoso no underground brasileiro que para descontrair, finalizaram o show com um funk. A norte-americana Chicha Libre, prendeu a atenção do público que dançou conhecendo ou não o repertório, deixando apenas a desejar, um pouco mais de percussão em suas melodias.

Tulipa Ruiz, se mostrou a banda revelação da noite, todos estavam ansiosos para vê e ouvir de perto aquela que foi a sensação musical do ano de 2010. A ansiedade foi tanta, que anunciaram em seu lugar, a cantora Karina Buhr. O que não desconcertou Tulipa, que ao subir no palco, cantou o começo de “Eu sou, uma pessoa má, eu menti, para você”. Arrancando risos do público, deu início ao seu playlist, cantando a faixa título do seu álbum “Efêmera”, aliás, playlist este, que acabou sendo arremessado para o público durante o show. Quem ainda dividiu o palco com a cantora, em uma sintonia perfeita, foi o músico Marcelo Jeneci. Tulipa, além da missão de fazer o show, que por sinal, soou perfeito e muito bem ensaiado, foi repórter especial da MTV. Muito a vontade, mostrou satisfação em estar na cidade e declarou ser uma realização tocar no Abril pro Rock. Assumindo falar muito, tulipa contou que no tempo que estudava, conheceu um pernambucano que lhe presenteou com uma camisa do festival, na época, sentia-se orgulhosa e “descolada” em usá-la. E que hoje, ficava feliz em estar ali e poder reconhecer seu público, tão comunicativo nos sites de relacionamento.

O mesmo coro que não errou letra sequer no show de Tulipa Ruiz, não tirou os olhos da hiperativa Karina Buhr, o que deixou uma reflexão da semelhança de público para sons tão distintos. Atriz por formação, Karina mostrou sua presença de palco de uma forma bastante encenada e criativa, interagindo até com o fio do microfone e o pedestal, correndo enlouquecidamente por todo o palco e se jogando pelo chão. Além do seu espírito transgressor, Karina chamou toda atenção com seu macacão paetê e os célebres músicos que trás consigo nessa turnê do álbum “Eu menti para você”. Muito bem acompanhada, Karina tocou ao lado de Catatau, Guizado e Edgard Scandurra. Edgard, que ainda teve pique para tocar com Arnaldo Antunes, onde dessa vez, quem enlouqueceu foi o público que não largou o gradeado para ficar o mais próximo possível do cantor. Percebendo a receptividade do público, Arnaldo se juntou a eles, descendo do palco e cantando com os fãs. Quem fez dueto com ele também, foi o músico Ortinho, cantando “envelhecer” e afirmando a estreita amizade que se aparenta existir entre os dois músicos.

A banda Eddie voltou ao palco depois de 12 anos, com um show tradicional e envolvente. Que teve início com o hit “Quando a maré encher” na tentativa de instigar a comportada plateia. Apesar de tímida, o público dançou todo o repertório, um tanto clássico da banda, que conseguiu reunir a “família eddie”. Levando ao palco Rogerman, o Mestre Erasto Vasconcelos - que não podia deixar de cantar Maranguape e Guia de Olinda. Karina Buhr trouxe certa nostalgia ao lembrar os tempos que havia uma voz feminina, sempre presente na banda. E claro, não podia faltar o velho frevo para “fazer o final” da festa. Encerrando a noite com classe, subiu ao palco a banda mais aguardada, Skatalites. Os pais do ska reuniram todos os presentes que não perderam a oportunidade de vê a talvez única apresentação dos Jamaicanos por aqui. A vontade foi tanta, que até os que não conheciam assistiram de longe a apresentação.

Com satisfação e aquele sentimento de quarta feira de cinzas, o grande final de semana do tradicional Abril pro Rock, que até a sempre presente chuva não deixou de aparecer, se despediu com a expectativa de superação para o ano que vem. Ou talvez, assim como o seu público, um tanto diferente daquilo que nós conhecíamos, o Abril pro rock firme-se com essa nova roupagem, de pessoas comportadas e sem grandes multidões. Deixando a cargo do Rec-beat e do Coquetel Molotov o papel de revelar bandas, se tornando um festival “antenado” com as produções nacionais e a única oportunidade de trazer para o nordeste grandes nomes do cenário internacional.

Sexy woman or Inflatable Doll

A normalidade das relações sexuais desapaixonaram os homens, de tão natural que é, os homens não se apegam as mulheres por amor, mas por uma boa transa. Como hoje não é preciso muito dedo para transar, os homens preferem a liberdade e diversidade do que o velho namorar. E nós mulheres, nos tornamos belas bonecas infláveis que nunca sabem quando querem a sua companhia ou o seu corpo. Se você demora a “dá”, eles reclamam, diz que estamos fazendo doce, se você é direta, paga de fácil e se nos mantemos virgens é porque queremos casar, afinal de contas sexo é amor ou diversão?

Definitivamente não dá para entender, cada homem é um pensamento, mas todos querem mais sexo do que tudo. Parece ser insaciável, e quando você consegue saciá-lo eles viram para lado sem nem dar boa noite, não estamos nos anos 60, mas também não nos tornamos buracos. Por isso que defendo os amigos de foda, é bem mais válido recorrer a uma pessoa, do que ficar propícia a se apaixonar por alguém que só quer algo mais quente que uma boneca inflável. Talvez se o os vibradores se tornassem mais versáteis nem a profissão de amigo de foda se manteria.

Entendia o sexo como uma diversão para duas pessoas que se gostam, mas sei que sexo sem compromisso se tornou uma atrativa diversão. E que dependendo do parceiro ela pode ser bem mais gostosa do que com a pessoa amada, então eu descarto a ideia de que para uma boa transa é preciso paixão. Então homens, não se tornem pessoas apaixonantes quando não quiserem se apaixonar, deixem claro que existe uma grande diferença entre sentir-se excitado e sentir-se apaixonado. E não tenha medo, pois mesmo se sentindo uma boneca inflável, se ela lhe curtir, ela vai dá para você.

É aí que a gente entende a grande diferença entre Amor e Sexo, na prática, a mesma coisa, mas na teoria, uma forte diferença. O que não acontece é essa diferenciação entra as pessoas e principalmente as mulheres que se encantam fácil e acabam banalizando algo tão ancestral. Portanto, se hoje não se censura a pegação nem em novela das oito, por que censurar um papo que faz toda diferença dentro de uma relação. Deixe que elas saibam quando são bonecas infláveis ou a última vagina do mundo, pois o mesmo pode estar acontecendo com você. Nós mulheres somos mais reservadas, mas pensamos da mesma forma e às vezes queremos a mesma coisa, então, no lugar da conversa fiada, pratiquemos a sinceridade.

O amor, quem viu?

Não tenho tempo para amar! Afirmação forte para uma pessoa de tão pouca idade, acho que até um workaholic consegue amar, mas em meus horários, esse afazer não entra e também não me considero uma viciada em trabalho. Ocupo o meu tempo com aquilo que acho necessário aprender, metódica por natureza, acredito que você tem tempo para tudo, basta se organizar. Listo afazeres e os divido em horários, assim, faço tudo o que quero sem me desgastar. Talvez se eu quisesse realmente, eu encaixaria o amor nesse meio, mas trabalho com prioridades, e nesse momento minha força motriz é aprender.

Não, não gasto todo o meu tempo “nerdando” como dizem, estudo mais do que disciplinas de faculdade ou temas científicos. Gosto de estudar pessoas significativas, despertar meu senso crítico sobre as coisas que vejo, conversar com pessoas que adicionem conhecimento. Quero mais do que a rotina de estudar para prova e curtir as festas do final de semana. Quando se tem um passado para se conhecer e um futuro para se estabelecer, não dá para ficar desperdiçando tempo com algo fugaz e tão sem conhecimento. Se divertir é necessário, adoro socializar, mas não precisa ser direto, quando se repete demais os fatos eles deixam de ser significativos e lhe causam estagnação.

Na rotina que escolhi para mim, chegará o momento em que vou precisar “descontrair” mas por enquanto não me incomoda reservar os meus finais de semana para um bom descanso e um assunto interessante. Segunda feira para mim soa como o ativar de uma bomba, parece que às 5 da manhã ela dispara e só vem desacelerar no meio da semana, e eu preciso manter o ritmo para que ela só exploda na sexta sem deixar faíscas de trabalhos inacabados. Então é apenas no final de semana que posso me desligar da bomba e descansar, pois sei que a segunda virá, e mais uma vez a minha correria antes dela explodir.

Talvez o meu quase “workaholic” seja resultado de uma recusa do amor, talvez o fato de não ter quem eu quero, me faça depositar essa dedicação nos estudos. Eu sinto falta de amar, não vou negar, mas também não quero criar outro amor. Gosto da reciprocidade natural, quero amar, e não me comportar como uma pessoa apaixonada. Mas me tornei um tanto exigente, não consigo amar ninguém, coloquei um protótipo na cabeça e agora não me acostumo com similares. Em momentos de fraqueza recorro ao meu passado, mas tenho consciência, que não dá para torna-lo presente novamente, primeiro pela bagagem que ele carrega e segundo por não achar justo alimentar uma mentira.

Também penso que pode não ser exigência minha, seja pela falta de homens apaixonados. O comportamento masculino em minha volta tem me deixado meio desiludida quanto o amor, tenho me sentido mais uma boneca inflável do que uma pessoa propícia a um namoro de portão. E por saber que sou muito mais que um buraco eu troco o amor pela vontade momentânea do sexo e me dedico ao que de fato me agrega valor, o meu conhecimento.

Cidade Estuário

Foram dias olhando para o lado, cuidando dos outros, atropelando até os meus próprios passos, fazendo tudo o que Stuart Levine disse para não fazer. Não chegou a ser um mês, mas deu para renascer, muita coisa mudou, foram coisas tão expressivas que dá para dizer que mais uma vez eu nasci. Encontro-me em uma nova fase, totalmente diferente daquela que planejei, fico até frustrada quando vejo mais um mês passar e nada do que eu queria está feito. Não que eu esteja parada no tempo, afinal, nessa vida nada para. Mesmo que você não queira ou não perceba, as coisas sempre evoluem, as vezes no caminho contrário ao curso desejado, mas nada estagna – pelo menos comigo.

No curso que eu desejava nada aconteceu, o que era segundo plano, tornou-se primeiro e ainda de forma inusitada. Deu para perceber que a vida é quem constrói as curvas, e não você. Meu caminho era reto e eu tive que dobrar a esquerda, minha estrada agora é a favor do sol, onde já não vejo a mesma vegetação, mas as placas me dizem ser essa a direção. Ando com o sentimento que essa estrada irá me levar àquilo que sempre desejei, não achei que essa janela fosse abrir agora, mas parece que chegou a hora. Como não sou de perder a direção, vou seguindo este caminho, tentando alcançar a janela que inconscientemente desejei.

Falo inconsciente por que nunca coloquei em linhas gerais essa minha vontade, desde quando decidi a minha profissão, mostrei sinais de que penderia para esses lados, mas nunca foquei os meus pensamentos nele. Cultura para mim sempre fez parte da minha diversão, desde o momento em que construí a minha personalidade que direciono o meu consumo ao caminho contrário das grandes massas. Ainda sem entender de fato o que vem a ser cultura ou como ela funciona, me identifico com esses caminhos mais “alternativos”. Entretanto, não estava em meus planos, mergulhar por esses mares agora, ainda é preciso manter os pés no chão, estou aprendendo a andar e não posso mergulhar assim.

Mas, já que estou nesse caminho, vou tentando aprender a nadar em terra firme, precocemente eu acho, vou atrás de nadadeira para não me afogar. Sinto-me muito verde, parecendo criança desacostumada com piscina funda, que sempre precisa de alguém por perto lhe dando instruções. A minha felicidade é que tenho um instrutor legal, alguém que aparenta grande potencial dentro desse mar e disposto a me ensinar.

Disciplina são os botes que impedem a onda de me levar, é preciso estar atenta para não deixar tudo se estragar. Esses caminhos são tão preciosos para mim que faço de tudo para não fazer besteira, por isso que me sinto imatura. Talvez fosse necessário me reservar aos livros primeiro, para em seguida me lançar nesse mar. Estou em uma estrada sem mapa, seguindo apenas as placas que me surgem à vista e ando com medo de aparecem buracos ou becos sem saída. Nos outros caminhos eu não me preocupava tanto, era como se eu fosse uma visitante, meus erros ou acertos ficariam ali. Nesse caso não, estou lidando com algo que quero para mim, qualquer acidente deixará marcas e minhas vivências me fazem redobrar a atenção.