O que a gente faz com essa saudade?

É triste entregar a outro, todo sentimento que guardei pra você, é triste ter a certeza que nada mudou e que, quando se tira algo dos outros, este nunca será seu. Junto a toda essa tristeza eu pergunto: o que fazer com essa saudade? Com essa vontade de te ouvir. Reproduzo tua voz na minha mente, mas não é a mesma coisa. Podia ser a besteira que fosse poder fazer como sempre fiz, te surpreendendo mais uma vez com uma ligação. Mas agora já é tarde, já não posso inventar desculpas pra te ligar, é tempo de nem poder pensar em você – mas isto, ainda não consigo.

O que foi que aconteceu com a gente, porque teve que ser assim novamente. Era pra ser você, era pra ser a gente. Depois de tanta coisa nos resumimos a nada, nos perdemos, como você mesmo falou. A diferença é que dessa vez eu fiz por onde, atrasada, mas fiz, e você? O que fez? Pôs todos no meio da gente novamente. Queria entender porque és tão fraco, porque não tens coragem de apostar na gente. Antes achei que fosse por comodismo, por desconfiança, por vaidade, hoje vejo que é insegurança.

Eu vi você ir embora novamente

O que você fez foi ridículo, mas ajudou a esquecer-lhe novamente. Parecia que tinha 17 anos, tanta irresponsabilidade em troca de um amor que mais uma vez, não fez o mesmo por mim. Hoje vejo que nada mudou e acreditar em nós novamente foi mais um erro, somado aos muitos que cometo quando se trata de você.

Apesar dos pesares, eu fui provar que poderia ser real, fui atrás novamente, mesmo sabendo que as circunstâncias eram outras, estava disposta a errar por um bem maior. Ainda desconfiada, fiquei sem saber o que estava fazendo e com o modo automático, observei mais do que falei. Parecia estar tudo perfeito, sentir a segurança que há anos não sentia e a satisfação que parecia não ter diminuído um milímetro nestes cinco anos. Só que estava tudo perfeito demais, tínhamos tudo para selar de uma vez por todas quando “alguém” entra no meio e atrapalha tudo. Eu vi você ir embora novamente, para ir “fazer o certo” – como sempre. Foi cuidar de “alguém” porque era a coisa certa a ser feita e me deixou para trás novamente. Se tivesse cometido todas as irresponsabilidades e tivesse ficado com você, tudo bem, não temo em arcar com as consequências. Triste é saber que fui irresponsável por uma ilusão, por alguém que faz o correto com todos, menos comigo.

Só que agora eu não tenho mais 17 anos, e repito novamente o que disse há cinco anos atrás, nunca mais eu derramo uma lágrima por você e toda vez que sonhar em sentir algum tipo de amor, pretendo me lembrar do que fizeste novamente. Todos temos o direito de errar, mas por uma terceira vez é burrice, então já não adianta mais acreditar, nunca haverá nós novamente. Pena que as coisas acabam e nem sempre os sentimentos vão junto, mas dessa vez eu tenho a certeza de que não darei um passo em favor de nós, como sei que você também, o fim que temia acontecer por outras razões, acabou acontecendo por você mesmo. Me senti uma otária pela segunda vez e pela terceira, você não há de fazer. Passei por cima de tudo e esqueci o mundo só para pensar na gente – de novo – e o que você fez? O de sempre, correu! Passei anos para acreditar novamente, para me desarmar e curar todas as feridas de ser deixada, para ser deixada novamente, pela mesma pessoa. 

Vi um filme passar pela minha cabeça naquela noite, estava sozinha novamente, longe de todos, me sentindo suja e desprezada. Era a mesma cidade, as mesmas lágrimas e a mesma dor, parecia que os anos não tinham passado, parecia até que ia prestar vestibular em breve e não conseguia pensar em mais nada a não ser ouvi-lo dizer que “precisa ir”. Como você pôde fazer isso novamente? Se não existia coragem, porque não me disse? Se não era a hora, porque não me deixou ir? Fiquei por nós e na primeira chance que você teve, você esqueceu de nós. É como se o amor só existisse nas horas boas e conveniente, é como se eu fosse um truque de mágica que posso sumir e aparecer quando lhe convém. Só eu sei o que passei naquela sexta feira 13, só eu sei da dor de ser deixada e ter que manter-se erguida, forte, como se nada tivesse acontecido. Pra depois de tudo vê você querendo conversar novamente, se era pra terminar o namoro, que terminasse naquele dia, enquanto eu ainda não tinha me machucado.

A felicidade é que por ser a segunda vez, já tinha em mim a lição de que por amor não morre e depois de tudo aquilo, as coisas ficaram mais claras na minha cabeça. Tudo que eu quero agora é aprender a viver longe de você ao lado de quem realmente – até agora – me fez valer a pena cada palavra e sacrifício pelo prazer de amar.

Sim, eu preciso falar

Não faz nem um ano que eu te conheço e já se tornou significante, amigo. Certo que se fosse mais que isso eu também ia gostar, mas já me faz feliz a sua companhia, consigo me desligar, me “desamostrar”, é como se entrasse em outro mundo, onde sou uma criança de quatro anos que não sabe das coisas direito. Não sei se é de você, da sua ética, mas vejo muito carinho e tenho muito carinho também.

Em Abril eu escrevi “Sinto-me muito verde, parecendo criança desacostumada com piscina funda, que sempre precisa de alguém por perto lhe dando instruções. A minha felicidade é que tenho um instrutor legal, alguém que aparenta grande potencial dentro desse mar e disposto a me ensinar”. Não fazia ideia que amadureceria tão rápido e o quanto esse instrutor seria fundamental a esse fortalecimento, algo me dizia que seria um contato importante, mas não imaginei que seria tanto. Hoje, nem um ano depois, vejo uma ligação forte entre nós, não em um sentido específico, mas em tudo, somos atraídos enquanto casal, amigos, parceiros. Não sei se porque eu gosto de aprender e você de ensinar, não sei se é o momento de transição de vivemos, não sei, não sei, só sei que curto. Curto tanto que queria até mais contato, mais presença, mais e mais...

Depois do meu irmão, és o homem com quem mais me preocupo, não sei por admiração ou por interesse, mas por mim, nada lhe atingiria. Por isso, tenho medo do que pode acontecer a você, principalmente pela capacidade e ímã que cê tem para as coisas ruins. Gostaria de ser seu amuleto da sorte, alguém que pudesse fazer as coisas darem certo de uma vez por todas em sua vida, não porque você é o meu amigo, mas porque você é um cara foda e precisa usufruir das suas qualidades. Tá bom dessas limitações e invejas, quero te vê lá em cima, contribuindo para que as pessoas evoluam, que ao invés de sentirem insegurança, as pessoas passem a aprender com você. Me acho até uma chata, mas é importante que você saiba que tem pessoas com quem você pode contar, mesmo sem poder fazer muito, sozinho você não está.

Não sei.

Não entendo porque eu nunca consigo escrever a seu respeito, não entendo porque essa história se estende há anos, não entendo porque você não cansa de mim, nem eu de você. Até quando vai ser assim? Até quando as minhas pernas vão tremer e o nervosismo vai tomar conta de mim? Até quando Caruaru vai ser tão você? Tive tantos amores e desamores, porque só você grudou em mim? Será que um dia vai existir um fim?

Por muito tempo pensei que não, é a primeira vez que acho que isso pode ter um fim, assim como é a primeira vez que somos tão sinceros e claros uns com os outros. Assim como é a primeira vez, que após três anos, eu tenho coragem de expor o que sinto por você. Não sei se foi defesa, desinteresse, insegurança... não consigo saber, nada faz sentido, nada tem razão. O que sei é apenas resultado da observação. De perceber como eu fico nervosa, como perco os limites, como perco as palavras quando me vejo no mesmo espaço geográfico que você. Me sinto criança, uma menina que não sabe o que é o amor e todas as suas vaidades.