O amor, quem viu?

Não tenho tempo para amar! Afirmação forte para uma pessoa de tão pouca idade, acho que até um workaholic consegue amar, mas em meus horários, esse afazer não entra e também não me considero uma viciada em trabalho. Ocupo o meu tempo com aquilo que acho necessário aprender, metódica por natureza, acredito que você tem tempo para tudo, basta se organizar. Listo afazeres e os divido em horários, assim, faço tudo o que quero sem me desgastar. Talvez se eu quisesse realmente, eu encaixaria o amor nesse meio, mas trabalho com prioridades, e nesse momento minha força motriz é aprender.

Não, não gasto todo o meu tempo “nerdando” como dizem, estudo mais do que disciplinas de faculdade ou temas científicos. Gosto de estudar pessoas significativas, despertar meu senso crítico sobre as coisas que vejo, conversar com pessoas que adicionem conhecimento. Quero mais do que a rotina de estudar para prova e curtir as festas do final de semana. Quando se tem um passado para se conhecer e um futuro para se estabelecer, não dá para ficar desperdiçando tempo com algo fugaz e tão sem conhecimento. Se divertir é necessário, adoro socializar, mas não precisa ser direto, quando se repete demais os fatos eles deixam de ser significativos e lhe causam estagnação.

Na rotina que escolhi para mim, chegará o momento em que vou precisar “descontrair” mas por enquanto não me incomoda reservar os meus finais de semana para um bom descanso e um assunto interessante. Segunda feira para mim soa como o ativar de uma bomba, parece que às 5 da manhã ela dispara e só vem desacelerar no meio da semana, e eu preciso manter o ritmo para que ela só exploda na sexta sem deixar faíscas de trabalhos inacabados. Então é apenas no final de semana que posso me desligar da bomba e descansar, pois sei que a segunda virá, e mais uma vez a minha correria antes dela explodir.

Talvez o meu quase “workaholic” seja resultado de uma recusa do amor, talvez o fato de não ter quem eu quero, me faça depositar essa dedicação nos estudos. Eu sinto falta de amar, não vou negar, mas também não quero criar outro amor. Gosto da reciprocidade natural, quero amar, e não me comportar como uma pessoa apaixonada. Mas me tornei um tanto exigente, não consigo amar ninguém, coloquei um protótipo na cabeça e agora não me acostumo com similares. Em momentos de fraqueza recorro ao meu passado, mas tenho consciência, que não dá para torna-lo presente novamente, primeiro pela bagagem que ele carrega e segundo por não achar justo alimentar uma mentira.

Também penso que pode não ser exigência minha, seja pela falta de homens apaixonados. O comportamento masculino em minha volta tem me deixado meio desiludida quanto o amor, tenho me sentido mais uma boneca inflável do que uma pessoa propícia a um namoro de portão. E por saber que sou muito mais que um buraco eu troco o amor pela vontade momentânea do sexo e me dedico ao que de fato me agrega valor, o meu conhecimento.