Eu não entendo


Introdução

Por acreditar serem as primeiras frases de uma história, se inicia esta narração, começo sem um era uma vez, até porque, vezes tivemos muitas e nada aconteceu.
   
Era natal, a falta do que fazer e o tédio de estar em uma cidade que nada de emocionante acontece, fomos atrás do “natal da pegação”. Achava pitoresco uma festa que trazia sagrado e profano em seu nome. Por se tratar de um lugar chamado chaminé festas, fui até a estação – logicamente a festa deveria ser lá, mas não. Quando vi uma certa movimentação, achei ter chegado na tal festa, só que não, era rock e maracatu, fiquei feliz, pessoas conhecidas e música boa. E ali no meio, só podia estar ele, o bonitão. Aquele que sempre, desde que o vi pela primeira vez, sempre pregou a minha visão – e olhe que se fosse no sentido literal da expressão, aja cola para prender tantas vezes a minha rodada visão.

Não sei o que ele tem demais para me chamar a atenção, é normal para os meninos que conheço, sempre presente e ao meu alcance, talvez fosse transcendental ou sinal, o fato é que, mesmo sem uma razão óbvia, ele sempre se destacou ao vários da região. O mais próximo de uma razão seria ser o único que nunca “pagou pau” dali, mas isso não justifica tal atração, não sou tão vaidosa assim. Então, no meios do batuques, ele estava lá, mais uma vez, sem me dá atenção e eu de longe, só observando, sem forçar nenhuma situação. Ele, “muito doido” olhava, olhava mas não fazia nada – comecei a pensar que não me reconhecera, foi tanto tempo distante, sem cabelos vermelhos e roupas “diferentes”, que sempre penso que me olham como outra pessoa. Após muitas olhadas e depois de ter falado com todos,  o bonitão chega em mim, não me recordo o papo, só lembro da minha falta de educação em deixar o meu primo de lado para ouvir o que ele tinha para me dizer. Direto, deu logo sinal que queria algo ao perguntar se estava namorando e quando voltava. Posso ter “pesado” depois, mas no dia do boi de natal, carnaval e redenção, foi ele que deu sinal do que queria.

Eu, dei todos os sinais, mas estava indo embora no outro dia e não ia ser mais mal educada que já havia sido com o meu primo, então, deixei o bonitão e foquei no maracatu. Lógico que ao chegar em casa, recorri ao viciante amigo facebook para estabelecer diálogos com o bonitão.

Contrato de contradição

Sei da minha eterna contradição, sei da minha fácil adaptação, mas assim como sei de tudo aquilo que já passei, sei do quanto me sinto disposta a viver com você. Por muito tempo eu tive repúdio a esse papo de casamento, mas essa distância e a agunia que dá querer te tocar e não poder, me dá vontade de morar com você. Quem casa, que casa, já diz o ditado, no meu caso é quero casa com você. Todo dia sonho em voltar pra casa e te encontrar, poder deitar mais uma vez no teu colo e poder conversar com a única pessoa que realmente tem me dado atenção.

São só 21 dias, sei disso também, mas é como se já te conhecesse e por mais ilusório que seja, é como se você não fosse capaz de me machucar. Queria que os dias voassem, que terminasse tudo aqui para poder ficar mais perto de você e ter a certeza de que nada disso é em vão. Poder dizer que de onde menos se esperava, saiu aquele que conseguiu me livrar dos amores doentis, do egoísmo e individualismo constante que vivi. Sempre que penso em você, tenho vontade de te pegar no colo feito criança, proteger como mãe protege um filho, não queria que te faltasse nada, das coisas mais abstratas até as mais materiais eu queria poder te dar, só para retribuir o bem que você me faz.

Sei que daqui há alguns meses posso ler isso novamente e dizer que nada disso foi verdade, posso estar assinando o meu atestado de contradição, mas hoje, falo com todas as palavras que não te trocaria por ninguém. Não vivemos o suficiente para ter essa certeza, pode ser encanto de começo, pode ser muita coisa ruim, mas também pode ser as primeiras frases de uma longa história.


Não aguento

Já falei muitas vezes que não aguentava, mas hoje eu realmente, não aguento mais. Chegar mais tarde em casa, viajar, evitar dirigir a palavra não é o suficiente, ajuda, mas é tapar o sol com a peneira. Minha cabeça dói, não dá mais pra fingir que isso tudo não está acontecendo. A verdade é que pensamos diferente, queremos diferente, sonhamos diferente, nada será igual e forçar uma igualdade é ferir a si mesmo. Não é que eu odeie, juro, não odeio, sou até muito grata, mas isso não quer dizer que preciso engulir calada.

Só queria ir embora, andar com as minha próprias pernas, meter a cara no chão se for preciso até, mas ser eu, só isso! E daí se ando com um monte de meninos, e daí se eu não agrado as pessoas, se eu ficar sozinha, drograda ou rapariga é escolha minha, se eu quiser, não vai ser você que vai me impedir. Minha cabeça dói, parece que vai explodir e essas lágrimas que não me deixam respirar, Oh Deus! Quantas vezes já te pedi pra mudar isso. Até quando vou ter que aguentar?

Do nosso amor, a gente é quem sabe

Quem se importa se isso tudo é um erro, quem se preocupou comigo nas várias vezes que me machucou. Somos perfeitos? Não erramos mais? Viramos robô, nos tornamos ciência e só, não há mais sentimento, não há mais emoção. Se estamos juntos é porque é coerente, não porque nos sentimos bem. Se vamos nos comprometer, temos que pedir permissão aqueles que gostam da gente. Ahhh, façam-me um favor!  Quantas vezes estive feliz com os meus impulsos, me adapto, não vou machucar ninguém, e ainda que machuque, é na perca que aprendemos. 

É muito fácil estar, confortavelmente, de fora apontando os erros dos outros, olhando os fatos, não os sentimentos. Se os meus atos dependessem somente dos fatos, minha vida seria outra – melhor até! Mas infelizmente, não somos puramente razão, precisamos dela, mas não podemos viver só com ela, os sentimentos é que temperam a relação, que fazer de nós humanos. Os erros de hoje, são os acertos de amanhã, viver uma vida sem risco, sem erro, é viver superficialmente. Isso não quer dizer, que vamos sair machucando todo mundo, mas não podemos deixar de viver porque vamos cometer um erro, ninguém sabe de tudo, o que para você é um erro, para mim pode não ser.

Dizer que sei o que estou fazendo é mentira, mas não estou vivendo uma mentira. Só eu sei o que me leva a aceitar ou não e o que pode ser bobo para você, para mim não é. Se para uns a errada sou eu, o meu “erro” é uma defesa. Já senti na pele os lados de um amor, da dor de ser deixada até a overdose de um romance pleno e nesse assunto, sei, melhor do que muitos, onde estou pisando. Olhar de fora, sem sentimentos, é fácil entender e dizer quem tá errado, mas joga um balde de medo, insegurança e dor que verá que não é tão simples assim.

Pode ser carência, refúgio, pode ser o que vocês quiserem, não vou provar nada. Eu sei que não é isso, é na verdade, um modo de me manter presa ao que é certo. As escolhas foram feitas sem levar os meus atos em consideração então porque eu vou considerar quem não se arrisca por mim. É muito lindo esperar por quem nunca esperou por mim, é muito romântico ser fiel a quem, nem quando estava comigo, foi fiel a mim. Só que o amor cega e me tira os limites, se ficasse como estava, não ia prestar.

Eu não preciso amar para estar com alguém, basta sentir-se bem ao lado dela. O amor é importante, mas se ele não nasce novamente, a gente tenta forçar uma semente. Mas como dizem, “eu não amo ninguém”, então, não preciso de nada disso. Tal afirmação não é minha, mas é dita com tanto propriedade que parece até que a pessoa está dentro de mim, sabe todos os amores e desamores que deixaram sequelas em mim, vem de quem acha que sabe tudo sobre o amor.

Dar conselhos e um ouvido amigo é uma coisa, agora falar com propriedade de algo abstrato, apenas baseado em fatos é ousadia. Opiniões são fundamentais, agora querer que me comporte de acordo com elas é demais. São reflexões importantes para mim, só que opiniões não são regras, não é porque você pensa de um modo, que tenho que pensar também. Tá, pra você eu errei, ok! Mas no fim das contas, quem sabe da gente, quem sabe onde o calo mais dói, somos nós mesmos.