Estrada e Caminho

Quando a gente segue um caminho, a uma certa velocidade, qualquer buraco ou desaceleração necessária, incomoda o motorista. Principalmente quando essa estrada é bucólica e agradável, onde seu percurso pode ser gratificante, Não tem motorista que queria parar ou dar carona a alguém. Ainda mais quando o motorista gosta de viajar, se sente bem com a estrada e precisa desligar-se do asfalto da cidade.

A estrada é longa e repleta de viajantes, é preciso manter-se atento ao percurso para não perder o foco. Mas os viajantes naquele momento não importavam, a sintonia era perfeita entre o motorista e o seu caminho, o impacto foi tão imperceptível que o motorista nem percebeu que havia pegado esse caminho. Ele andava em uma estrada velha, cheia de buracos irreparáveis, que por acreditar ainda ser transitável, insistia em caminhar. Mas ainda concentrado nessa estrada velha, ele pegou este outro caminho. Era uma estrada há muito construída, mas em perfeito estado de conservação, que já enfrentou enchentes e vendavais, mas soube tirar um bom proveito de tudo isso. Suas árvores grandes e robustas davam uma sensação de conforto, a paisagem ajudava a embelezar, o asfalto parecia conhecer todas as trilhas que o motorista havia passado, mostrando sabedoria suficiente para fazê-lo manter-se firme.

Por esse caminho o motorista passou a seguir, a estrada velha já não era lembrada, mas algumas placas traziam recordações de um viajante deixado para trás, mas o motorista não ligava para as placas, o caminho parecia bem mais interessante. Conversando com a flora o motorista percebia que tanta maturidade vinha de erros passados, de quem já ganhou e perdeu muito por causa de seus comportamentos. Aprendeu que a melhor forma de evoluir parte do desapego, que a energia não vem dos bens materiais e sim daquilo que cultivamos. É um caminho que põe música e educação a frente de tudo, de quem acredita que estes são a chave para a nossa evolução. Por partilhar de tantos pensamentos em comum, a identificação não demorou a aparecer e de forma muito rápida, caminho e motorista passaram a ocupar o mesmo lugar, dividindo ações e situações.

Só que todo caminho tem suas curvas e encruzilhadas e todos passaram a perceber tal conexão, despertando a curiosidade de entender que tipo de conexão existia ali. Foi quando o caminho passou a perceber o quanto estava ligado à estrada e isso passou a assustá-lo. A estrada também confundia um pouco a sua postura, diante do caminho. Ele não estava acostumado com tanto convívio, foi preciso fazer o motorista perder um pouco a sua velocidade, só que essa desaceleração foi um tanto impactante para o motorista. Velocidade e risco sempre foram as suas maiores fascinações. Mas mesmo em baixa velocidade, o motorista não saiu do caminho, eles continuam na mesma estrada, só que sem fortes emoções e paisagens nebulosas.

O que o caminho ainda não conseguiu perceber é que a estrada se importa mais com o percurso do que com o nome da BR. Com o caminho, mais do que com os viajantes que podem querer desfrutar dele também. E que não se assusta com os resultados desse percurso, por achar que nós fazemos os nossos resultado, então se esse percurso vai dar em cachoeiras exuberante ou em deserto, não importa. O que é importante é que caminho e motorista conheçam o percurso e saiba desfrutar do agora sem achar que presente e futuro são a mesma coisa.

De Sex Pistols à Beethoven

Que os meus ouvidos são variantes isso eu não posso negar, mas que os meus paqueras seguem a mesma linha é de impressionar. Já fui de Charlie Brow Jr à Beethoven, passando por Sex Pistols e Nx Zero, às vezes enganada por Avenged Sevenfold.

Posso dizer que passei por Charlie Brown Jr, Ratos de Porão, CPM22, Jota Quest, Planet Hemp, Garotos Podres, Nirvana, Blink 182, The Cure, Sepultura, Soufly, Bob Marley, Chico Science, Papa Roach, Thalma de Freitas, Júnior Barreto, Céu, Lula Côrtes, Chico César, Devotos, The Doors, Engenheiros do Hawaii, Nx Zero, Los Hermanos, Mestre Ambrósio, Comadre Florzinha e Ave Sangria. E digo que por causa deles consegui adicionar toda essa discografia ao meu repertório, mas adicionar a ela música instrumental e Beethoven é um tanto espantoso. Não que seja novidade aos meus ouvidos, Pink Floyd, Led Zeppelin ou Paul Simon, mas que eu nunca esperei enveredar por essas bandas, isso é! Conheço apenas de nome, - o que me faz sentir desentendida daquilo que mais entendo - nunca me interessei por bandas consagradas, não que seja ruim, mas por achar que existem várias bandas precisando de mais valorização do que estas.

Sempre estive envolvida por música e músicos, sei como é tornar uma banda famosa e gosto de vê uma banda subir nesse mercado tão descartável. Banda todo mundo pode ter, mas tirar um som massa e estabelecer-se na mídia é sempre mais complicado. Valorizo minha terra e meus conterrâneos, não vou deixar de ouvir o que está sendo criado aqui do lado pra ouvir músicos que nem mais vivos estão. Claro que você não vive sem clássicos, ninguém faz o futuro sem entender o passado, até porque nosso passado trás várias raridades e ideias geniais. Ninguém tira da minha cabeça que Tom Zé já fazia samples antes mesmo do sampler existir e se hoje ainda hoje pode ser difícil gravar um CD bom, imagina nos tempos passados.

Acredito que precisamos nos ouvir, saber o que acontece agora, poder dizer que cresceu junto com certas genialidades da música e valorizar aquilo que o país produz. Música são árvores, se você plantar direito e regar todos os dias, elas podem durar uma eternidade. Não deixe máquinas e vegetações importadas mudarem a sua vegetação, vivemos em um país fértil. Assim como a sua população, a nossa música pode ser diversificada. Ouvir música é mais que uma diversão, é remédio para a nossa alma, é amiga, é identificação. Aguce os seus ouvidos e perceba o quanto a música pode contribuir para a sua vida.

Procura-se efêmero

O entra e sai me impede de te vê por aqui, será que ainda estás perto?
Será que ainda te acho o certo?
Datas vividas, histórias vencidas sem você por perto.
Vago por ruas e não te enxergo
Volto pra casa, e como um móvel, estás aqui
Quando me recolho, não tiras os olhos de mim
Por isso corro, lanço-me ao mundo e não te percebo
Somente lá fora não sinto que te perco
Aqui dentro falas comigo o tempo inteiro
Mas nunca me respondes direito
Não entendo porque foi desse jeito
Já não me incomoda o fim, mas a sua presença aqui
Parece fantasma que não sabe sair, volta e meia tropeço em ti
É como tudo a nosso respeito,
Chegou sem pedir licença e agora não quer mais sair
O barulho da rua não me deixa ouvir o peito
Então sigo sem sentir
Sem saber do que de nós será feito
Mas fazendo de tudo para não te ouvir

O Marco Zero no meio da estrada

Do Zero é mais do que um ponto de partida para Clayton Barros, ele que agora atende pela alcunha de Clayton Barros e Os Sertões. Trás em seu novo single “Do Zero” toda a simbologia de uma nova estrada que apesar dos seus 10 anos de carreira com o Cordel, se depara com novas propostas e formatos. A música “Do Zero” é o carro-chefe do novo caminho trilhado pelo compositor: atemporal, metropolitana e fortemente ligada às raízes nordestinas. Do zero tem influências indianas e mouras e, com apenas dois acordes e uma letra um tanto “futurista”, concebe uma harmonia mântrica bastante própria. “Do zero é uma auto-injeção de ânimo, é um estímulo para construir um novo ciclo, sem reduzir a velocidade”, explica Clayton.

A banda é recente, mas a união dos experientes músicos da cena recifense que formam esse projeto não deixa dúvidas quanto à química que rola da concepção à apresentação das músicas. Além de Clayton Barros, compõem o conjunto Deco Trombone, que traz a bagagem da Ska Maria Pastora, Rafael Duarte e o experimentalismo da Rivotrill e Perna, com a surf music da Radistae. Juntos, estão em fase de finalização do disco que, de antemão, contará com composições sólidas, repletas de arranjos criativos, além das interpretações de Galope rasante, de Zé Ramalho e Wheels, de Les Baxter, grandes influências do trabalho da banda.

Mesmo sem o CD lançado, Os Sertões já vêm se apresentando desde ano passado. Este ano a banda realizou uma minitour por Juazeiro do Norte, no sertão do Cariri, e em Sousa, na Paraíba, como parte das atrações do 5° Festival Rock Cordel. No último mês, foi feita uma minitour por São Paulo para divulgação do Projeto, onde se apresentaram em Sorocaba, Osasco, Campinas e Bauru. Este mês a banda se apresenta dia 23 de Junho no São João de Arcoverde e dia 07 de Julho no Centro Cultural de São Paulo.

Consuma: http://www.myspace.com/ossertoesoficial

Sim, errei!

Desbravo-me por esses mares novamente, medicando as mesmas feridas de acidentes passados, errei, sim errei, mais uma vez. Pela segunda vez o mesmo erro, me faz sentir-se burra e para remediar tal burrice, transformo este erro em lição. Para aprender que certas coisas não tem jeito. Quando se põe um fim, não dá para fazer um novo começo. É bem melhor fazer outra história do que concertar uma história que já teve início. Ainda que você escreva com as suas próprias mãos, ainda que não sejam os mesmos personagens, todo fim é o fim, não dá para transformá-lo em uma pausa.

Adicionando mais uma decepção ao meu histórico, olhando pra frente, para não lembrar os erros que cometi. Cada passo pode chegar a vitórias e frustações, mesmo sem prêmios, levo a tranquilidade de que realmente chegamos ao fim. A página foi virada não por que eu ou você quis, mas porque tinha que ser virada realmente. Todo remorso que carreguei só serviu para me assombrar, eu não quis enxergar o óbvio, cruzei a linha de chegada sem perceber, fiquei achando que havia trapaceado, achei ter forçado um fim.

Foi um erro sim, agravado pela sequência de comportamentos meu, mas não me arrependi, não foi uma escolha só minha e você sabia que podia ser assim. Arrependo-me de ter dado início a tudo isso, mas os meus comportamentos foram reflexos dos seus, você também viu o erro que cometíamos. A sua imparcialidade e desinteresse me incomodava, mas você não queria carregar o ponto final, sendo necessário mais um impulso meu.

Acabou o seu tempo de vez, e agora acho que você some junto com ele, a minha decepção é totalmente acionada pela sua presença. E para não lembrar, é melhor você nem me visitar. Apesar de não existir remorso, tenho a impressão que você me culpa. E por não saber o que pensas, acho melhor não vê-lo.

“Não volte pro mundo onde você não existe, não volte mais, não olhe para trás!”