Um Publicitário que não permite chamar-se escritor


“Sou um publicitário, um publicitário que tem uma vida política, uma formação política e histórica, que fez um curso de direito”. É assim que se define José Nivaldo Jr, deixando de lado as honras de ser autor de um best-seller e sua segunda obra ter vendido mais de 300 cópias apenas no lançamento. “Eu não sou escritor, escritor é aquele que amanhece, anoitece, pensando em escrever, meu pai é um escritor, eu sei escrever”. Autor de” Maquiavel, O Poder - história do Marketing, José Nivaldo Jr lançou em Julho deste ano o “Atestado da donzela 2, Paixão Fuxico e mistério” obra esta inspirada em um romance escrito pelo seu pai, em 1967. “Depois que escrevi Maquiavel, não quis fazer outro para concorrer com ele, aí este ano eu tive a ideia de escrever um romance, que seria a continuação de uma obra do meu pai. Eu sempre achei que o livro dele tinha um potencial dramático que não se esgotou, com ações e histórias que poderiam ser desdobrados. Aproveitei o período de entressafra, quando termina as campanhas eleitorais, para escrever. Praticamente escrevi um capitulo em dois dias, mas ainda tem muita coisa pra revisar”.

Apesar de não se considerar escritor, José Nivaldo Jr. tem uma relação bastante estreita com os livros. “Na infância eu lia obcessivamente, eu sou filho de casal de médicos e além de médico, o meu pai é um intelectual. Na infância eu li tudo do regionalismo, Jorge Amado, Hermilio Borba Filho, Graciliano Ramos, um pouco mais tarde Ariano Suassuna”. No escritório ou em casa, existem sempre muitos livros a sua volta, eram tantos que ele doou alguns ao Centro Cultural Manuel Lisboa. Mas esse apreço por livros deve ter um viés genético, pois o filho de José Nivaldo Jr., João Henrique Souza também deixou frutos à literatura, ele que também lançou um livro este ano, o “Óculos Blue”. “São três gerações de escritores, quem sabe o João Henrique não escreve o ‘Atestado da Donzela 3’, brincou com orgulho, José Nivaldo. Mesmo sem planos para próximos livros, José Nivaldo avisa que este ano a editora irá lançar uma edição especial em homenagem aos 20 anos do livro Maquiavel , o Poder. “Podem vir outros livros, mas não tenho planos. Posso até escrever sobre a obra de papai, quem sabe escrever sobre ele. “Não preciso trabalhar mais nada, posso trabalhar eternamente a obra dele que tem pano pra manga”

Além da leitura, o forró e Pernambuco são outras paixões suas, “Eu sou apaixonado pelo forró, gosto muito do frevo também, sou marcado pelas coisas de Pernambuco. Em alguns momentos a minha carreira teve destaque nacional, mas eu nunca deixei de morar em Pernambuco, nunca cogitei me mudar daqui, Pernambuco é a minha paixão”. Fato bastante presente no seu livro, O atestado da donzela é resultado das vivências deste publicitário que não se permite chamar-se escritor. “O livro tem muito de mim, mas não é autobiográfico, tem muito da minha vida, do meu viver”. Mesmo se tratando de uma ficção, os elementos presente no livro são o produto de significações pessoais, resultado daquilo que compõe a vida de José Nivaldo Jr: a forte ligação com seu pai, a linguagem pernambucana, os personagens - muitas vezes reais e natural de Surubim, cidade do interior do estado. “Então eu juntei essa receita e tentei fazer um livro que junte mistérios, humor, história de uma forma leve e agradável, para que as pessoas leiam e aprendam um pouco mais sobre vida, eu acho que o livro deixa uma mensagem”.

“Eu sou redator, um redator publicitário redige qualquer negócio, anúncio não tem estilo, ao longo da minha carreira eu explorei todas as veias da publicidade, possíveis e imagináveis. De anúncios institucionais a ‘Mané da china’”. São 35 anos de carreira, dois livros totalmente distintos tanto entre si, quanto sobre seu autor. Publicitário, pai e escritor, José Nivaldo Jr deixa a literatura um filho maduro - Maquiavel, O Poder - e agora trás um caçula para deleite nosso – O Atestado da Donzela 2. “As pessoas que tem conseguido ler, tem gostado”.