Ainda está pra existir o dia em que os meus sentimentos serão plenos, menos de um mês e cá estou eu novamente, conversando com a luz para vê se me entendo. De onde vem e pra onde vai toda essa inconstância? Por que reclamo tanto de barriga cheia? É só uma fase, já aceitei, então por que ainda estou aqui? Vendo o filme novamente, não vejo o dia de tudo isso mudar! Oh, não quero me casar, só preciso me completar. É sempre a velha busca pela excelência, realização pessoal, plenitude humana... são vários os nomes bonitos para uma velha carência onde tornou-se bonito chama-la de realização.
Não, não me sinto realizado, mas e daí? Minha idade é pouca para uma mente apressada que não sei de onde, colocou na cabeça que é preciso sentir-se realizada. Mas o que é realização se não o comodismo e velhice? Busco uma coisa que não faz sentido para mim, mas o desejo de realização é indutivo, a ponto de me incomodar até com as burrices alheias. Minha estrada é longa, não devia querer isso agora, não precisava me encontrar, traçar objetivos tão cedo. E se lá na frente não for isso. Não, também não tenho medo, mas o que é isso senão medo? Sei o que quero e deixo de querer, só penso que posso estar deixando algo importante pra trás, talvez não esteja no caminho certo.
É uma mistura de tristeza e raiva que perturba tudo aqui dentro e na reação acabo me sentindo uma heroína capaz de falar e fazer o que quiser para confortar o peito. Por isso fico aqui construindo frases que nunca serão ditas, montando cenas que nunca serão encenadas. Que vontade de chamar todos de cegos e idiotas que não percebem um palmo a sua frente. Perde tempo sendo fraco e inseguro, acaba fugindo, mentindo, se iludindo. É sempre assim, todas as noites te recuperando e perdendo novamente, pra amanhã ter que começar tudo de novo. As vezes acho que isso nunca vai ter um fim, então eu pergunto, por que somos assim?