Ando me sentindo apático diante da dor, acho que minha educação exigente não deixou que me admitisse gente. Agora não sei lidar com esses dias quentes, onde nada está em seu devido lugar, onde a dor parece ter feito residência nesse lar. Há um clima tenso no ar, se o mal fosse de amor até que dava para enganar, mas falo de dor de gente, dessas que a gente externamente sente. Percebo que não sei lidar com a morte, quando sinto que ela pode chegar começo logo a me desesperar, sempre tive mania de a todos segurar, mas diante da morte não sei se as minhas táticas irão funcionar.
O pior é que não tenho a quem chamar, ninguém pode me ajudar, se for a vontade dos mais sábios, vou ter que aceitar. Nesses dias não queria aqui estar, pois se a morte chegar o meu mundo irá desabar. Prefiro não pensar que a morte está aqui, apesar de sentir ela perto de mim. Não, eu não tenho medo da morte, mas temo por ela que já viu tantas mortes, sei que ela é forte, mas não há coração que suporte. O problema de fato não é a morte, mas os dias após a morte, é estar no mesmo lugar e saber que nem tudo ali está. O vazio, a solidão e a ausência que dá.
Talvez sejam sinais tolos, só para me preocupar, mas não posso negar o medo que me dá, sou metódica demais para não pensar. Não sei ficar parada sem saber o rumo que terá, não gosto do risco de não ter arriscado, de só depois saber que podia ter ajudado. Mas agora não sei que postura tomar, e essa falta de atitude irá me endoidar, já nem sei o que falar, mas peço que se for de vontade ou por razão maior, me dê forças para superar. Não, não será fácil aqui ficar!